Curso de Filosofia Positiva / Discurso sobre o Espírito Positivo / Discurso Preliminar sobre o Conjunto Positivismo
Auguste ComteDiscurso sobre o Espírito Positivo: É publicado no início da fase considerada como a maturidade de Comte, que culminaria na admissão cada vez maior de elementos afetivos e subjetivos, levando ao desenvolvimento da Religião da Humanidade, cujas igrejas foram cenário de congregações centrais para, por exemplo, o movimento republicano brasileiro. O próprio filósofo contextualiza sua obra no período de decadência da sociedade teológica, com a substituição do poder sacerdotal pelo científico, numa disputa com o espírito metafísico, representado principalmente pelos economistas liberais. Seu Discurso segue um percurso sintético de apresentação sistemática do positivismo, para então estabelecer o método didático e as condições sociais e morais necessárias para sua implementação e universalização. Ao fundar o positivismo como religião imanente, pretende que este realize justamente a função universal de farol moral da humanidade, orientando seus impulsos afetivos no sentido do altruísmo e do culto aos grandes feitos humanos de toda a história, capaz de unir as sociedades. Uma leitura que contextualize o autor e não se deixe assustar por certos elementos datados em seu pensamento permite compreender a atualidade de Comte, apreciar dimensões de seu positivismo ainda hoje eclipsadas pelo gigantismo de seu próprio vulto, e sua influência inegável sobre o desenvolvimento da sociologia, da qual ocupa o “salão nobre” como fundador.
Discurso Preliminar sobre o Conjunto Positivismo: Nesta série de visões sistemáticas sobre o positivismo, caracterizarei seus elementos fundamentais, seus apoios necessários e, finalmente, seu complemento essencial. Apesar dessa tripla apreciação dever ser muito sumária, bastará, espero, para ultrapassar definitivamente prevenções desculpáveis, embora empíricas. Todo leitor bem preparado poderá constatar, assim, que a nova doutrina geral, que até agora parece só poder satisfazer à razão, não é, no fundo, menos favorável ao sentimento e até mesmo à imaginação.